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Artigo: O poder da colaboração

Atualizado: 30 de mai. de 2022

Quando você perde sua autonomia de forma brusca, aprende da forma mais difícil aquilo que os velhos ditados já pregam há séculos: que a união faz a força, que sozinho não se faz nada, que juntos somos mais fortes. Essas teorias viraram prática forçosamente para mim quando sofri um acidente automobilístico que me deixou tetraplégico. De lá para cá, são 22 anos pedindo e aceitando ajuda e praticando o exercício permanente da empatia.


Empatia é se colocar no lugar do outro. É o primeiro passo para a colaboração. Afinal, para oferecer ajuda, eu preciso saber do que o outro precisa. E, a partir daí aprender a lidar com as diferenças. Essa resistência às diferenças é, na minha observação, uma das principais razões de problemas na vida pessoal e profissional.


Como portador de necessidades especiais, vivi na pele essa dificuldade, especialmente no início da adaptação à nova vida, quando precisei aceitar ajuda de toda espécie, de pessoas fazendo as coisas do jeito delas, não do meu. Custei um pouco a entender que na maioria das vezes elas estavam dando o seu melhor. Mas do jeito delas.


Em minhas palestras costumo propor um desafio: que um dos participantes segure um “X” para outro comer, de preferência que seja um casal. Mas não um hambúrguer gourmet, e sim um “X raiz”, daqueles com tudo dentro. Percebe-se que o jeito da pessoa segurar, ou de colocar a maionese, é o suficiente para provocar uma briga. Pode parecer bobagem, mas é uma forma prática de ilustrar nossa dificuldade em aceitar e oferecer ajuda e lidar com as diferenças.


Com o tempo eu aprendi a pedir ajuda, deixando claro o que eu precisava. E as coisas passaram a ficar bem mais fáceis. Ao entender as limitações do outro, eu permiti que entendessem melhor as minhas. Foi aceitando e pedindo ajuda que eu pude estudar, me formar, me especializar, passar em um concorrido concurso público.


Tive acesso a muitas teorias importantes. Mas nenhuma delas tem sido mais útil que o poder da colaboração. Sem colaboração não há projeto profissional que vingue. Não há relacionamento que prospere. E aprender isso pelo amor é bem melhor que pela dor.


- por Augusto Piazza


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